Falar sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes é uma responsabilidade que atravessa toda a sociedade — e a escola, como espaço privilegiado de formação humana, tem um papel essencial nessa luta. O dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, nos convida a olhar para a realidade com coragem, empatia e ação educativa.
O silêncio que muitas vezes envolve situações de violência sexual infantil é um dos grandes obstáculos para o enfrentamento. Por isso, desde os anos iniciais, é fundamental criar oportunidades para que as crianças reconheçam seus direitos, entendam a importância do autocuidado e saibam que podem e devem buscar ajuda quando se sentirem ameaçadas.
Com atividades lúdicas, histórias significativas e espaços de diálogo, é possível construir, desde cedo, uma cultura de proteção. O objetivo não é expor as crianças a conteúdos pesados, mas ensiná-las, de forma acessível e respeitosa, a identificar limites e confiar em adultos que possam protegê-las.
Este post traz sugestões concretas para educadores que desejam trabalhar o tema do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes com segurança e efetividade em sala de aula, utilizando abordagens pedagógicas adequadas à infância.
👦👧 1. Atividade lúdica: Direitos das crianças
Uma excelente porta de entrada para o tema é o trabalho com os direitos das crianças. Ao entender que têm direito à proteção, ao amor, à educação, à saúde e ao respeito, os alunos se tornam mais conscientes sobre o que é aceitável e o que não é em suas vidas.
Proponha a criação de cartazes ou desenhos com o título: “Meus direitos”. Cada criança pode ilustrar ou escrever aquilo que considera importante, como: brincar, comer bem, ter amigos, receber carinho, estudar e ser protegida. Essa produção pode ser exibida no mural da escola ou compartilhada com as famílias.
Durante a atividade, conduza uma conversa leve e aberta sobre o que significa ter direitos e o que podemos fazer quando alguém os desrespeita. Essa é uma forma indireta, porém muito eficaz, de introduzir o conceito de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, ampliando o repertório das crianças sobre proteção e cidadania.
2. Dinâmica: “Quem cuida de mim?”
Para muitas crianças, identificar quem são os adultos em quem podem confiar é um desafio. Por isso, essa dinâmica é extremamente valiosa. Em sala, entregue uma folha para cada aluno, onde ele desenhará a si mesmo no centro. Ao redor, deverá colocar os nomes ou desenhos das pessoas que cuidam dele: familiares, professores, vizinhos, líderes comunitários etc.
Depois da atividade, promova uma roda de conversa com perguntas reflexivas:
Quem são essas pessoas?
Como elas te ajudam quando você precisa?
Você se sente seguro perto delas?
O objetivo é ajudar a criança a reconhecer sua rede de proteção. Isso reforça a segurança emocional e prepara os alunos para, caso necessário, identificarem para quem podem pedir ajuda em situações de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Essa atividade também permite ao professor observar padrões e identificar possíveis vulnerabilidades nos vínculos familiares e sociais dos alunos.
📖 3. História em quadrinhos sobre proteção
As histórias em quadrinhos (HQs) são ferramentas poderosas para abordar temas complexos com leveza e clareza. Para trabalhar o tema do abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, selecione HQs educativas que tratem sobre o corpo, emoções, limites e a importância de dizer “não” quando algo incomoda.
Você pode usar materiais já existentes, como os produzidos por ONGs ou órgãos públicos, ou convidar os alunos a criar suas próprias histórias, com personagens que vivem situações desafiadoras e aprendem a se proteger com ajuda de adultos confiáveis.
Após a leitura ou produção, abra espaço para discussões:
O que aconteceu com o personagem?
Quem o ajudou?
O que ele poderia fazer para se sentir mais seguro?
Essa estratégia favorece o pensamento crítico e promove o empoderamento das crianças diante de possíveis riscos, sem causar medo, mas oferecendo orientação.
🧠 4. Jogo da proteção: aprendendo com leveza
Jogos educativos são ótimos para trabalhar regras de convivência, direitos e autocuidado. Crie um “Jogo da Proteção”, tipo trilha, com casas como:
“Contei para um adulto de confiança” – avance 2 casas.
“Fiquei em silêncio com medo” – volte 1 casa.
“Disse NÃO para um toque que me incomodou” – avance 3 casas.
As crianças aprendem brincando e, ao mesmo tempo, fixam conceitos importantes. O jogo pode ser feito com dados, cartões ilustrados e até como atividade coletiva no chão da sala.
Além de ser divertido, o jogo permite que os alunos visualizem situações e alternativas seguras diante de possíveis casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
🤝 5. Projeto coletivo: Escola que protege
Finalize o trabalho com uma atividade integradora: a construção de um mural coletivo com o tema: “Nossa escola protege”. Os alunos podem contribuir com desenhos, frases, histórias ou símbolos que representem segurança, confiança e apoio.
Além do valor artístico, esse projeto reforça o compromisso da escola com a proteção infantil e fortalece os vínculos entre os membros da comunidade escolar. Também é uma oportunidade de envolver as famílias, promovendo um diálogo entre escola e casa.
Este projeto pode ser apresentado na semana do 18 de maio ou em qualquer momento do ano como parte de uma campanha de enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
O combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes não se faz apenas com leis e campanhas, mas com ações educativas diárias, que fortalecem a autoestima, a autonomia e os vínculos de confiança entre as crianças e os adultos que as cercam.
A escola, como espaço de formação integral, pode (e deve) ser um ambiente seguro e protetor. Ao utilizar estratégias lúdicas, respeitosas e pedagógicas, o professor contribui ativamente para a prevenção e para a construção de uma sociedade mais consciente e humana.
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